- por Nicy Alves *
Caminho sem direção na úmida areia da praia.
Pés descalços.
Vento gelado sobre a pele.
Olho para trás e vejo marcas na areia.
Marcas que são apagadas facilmente pela onda que alcança a areia sob a luz do sol.
As minhas roupas me traem mostrando toda nudez da minh’alma.
Um mar de dúvidas me toma por inteira.
Faz-me desviar do espelho.
Ahh, o espelho…
Ele traz à tona todos os meus medos e fracassos.
Abraço meu corpo numa tentativa real de me proteger, de sentir-me tocada.
Recolho-me numa posição fetal.
Através das janelas que se formam entre meus dedos, tento encarar meus monstros.
Está escuro. Vejo a chuva cair lá fora. Sinto frio.
No meu casulo busco proteção do invisível…Proteção de mim mesma.*
- Nicy Alves é membro da Academia Barracoqueirense de Letras e Artes, escreve aos domingos na Tribuna da Praia