- Nicy Alves
Chega dezembro, Acordo com os estampidos dos fogos de artifícios. A cidade vibra com tal som.
O badalar do sino ecoa, juntos, numa mesma sintonia.
No décimo terceiro dia essa rotina me envolve…ipnotiza-me.
Na madrugada ouço vozes embaladas num coro sinfônico magestral.
A cada segundo o som se aproxima entoando um eco divinal.
A noite cai, cubro meu corpo com a minha melhor veste e saio em direção às luzes.
Em meio a multidão, ouço uma música, daquelas que parece vinda da caixinha de bailarina.
Olho em direção a praça, no fundo da igreja matriz,vejo cadeirinhas coloridas a flutuar no espaço, num descompasso harmonioso. Um velho negro é seu comandante.
Observo um sorriso encantador, parece que ele está se divertindo mais que as crianças que embala.
À frente, um cheiro me guia pela multidão. A minha direita, vejo a barraca de seu Valdemar, um arco-íris preenche a bancada e, entendo agora ele faz o melhor cachorro quente da festa, quiçá do mundo.
Ao olhar pro alto, vejo enormes balões orelhudos, o sonho de toda criança na festa, era sair com um daqueles. Lembro cada detalhe, listrados e coloridos. Tento passar pelas pessoas com jeito. Percebo uma aglomeração do lado esquerdo, pelo barulho do motor descubro o motivo, era o sorvete do tio Ginaldo fazendo a alegria de adultos e crianças. Uvaa, morangoo e laranjaa, gritava ele, chamando a atenção de todos, sucesso no copinho ou na casquinha.
Caminho procurando o ar e espaço pra caminhar. Pouco a pouco sou guiada pelas luzes dos fogos e a saída vai sendo notada. Uma gostosa brisa me invade, é o portal. O Rio nesta noite é incrivelmente iluminado pelas luzes de Aracaju e pelos fogos de artifício, este ofício, desempenhado com maestria por seu Zé Sacristão que faz brilhar…a décima terceira noite do mês de dezembro.
- Escritora, poeta, membro da Academia Barracoqueirense de Letras e Artrs