A web rádio Tribuna da Praia prestará às 11 horas desta quarta-feira, 21, uma homenagem póstuma a uma das mais expressivas personalidades de sua geração e que ao longo desta sete décadas (1952 – 2022) esteve presente de forma sistemática em importantes momentos da história socio-cultural da “missão” de Japaratuba. Gilberto Santos partiu ontem, 20, encantou-se, deixando um legado de incalculável valor, enlutando a terra de Garcia Rosa, de Bispo do Rosário, de Maria de Souza Campos, do Padre Gerard Olivier e tantos valorosos “devotos” do cacique cujo nome empresta ao município.
Conheci Gilberto Santos através de um amigo em comum, Zé Melo, assim como ele já em plano superior. Atualmente servidor público federal aposentado da Fundação Nacional de Saúde (desde que esta era chamava SESP), Gilberto estudou no Ginásio Municipal Professor Emiliano Nunes de Moura na década de 1970, período em que já fazia ecoar as notas na Sociedade Cultural e Musical Santa Teresinha. “Fomos contemporâneos do Emiliano, um grande músico”, testemunhou Ivânia Pereira, ex-vereadora de Pirambu e presidente licenciada do Sindicato dos Bancários de Sergipe.
Exímio poeta, sempre pautando sua obra nos sentimentos e emoções do cotidiano, foi homenageado em abril de 2014 durante o XVIII Festival de Poesia Falada Poeta Garcia Rosa. Sua obra caberia em estudos sobre a literatura sergipana, classificada em algum momento pelo mesmo como “aberta, espontânea e escrita com o coração”. Utilizava-se Gibas como pseudônimo, mas ao lê sua poesia esta era logo associada a alcunha e também ao nome de certidão e batismo
Imbuído da responsabilidade e compromisso, de imensurável sensibilidade, sua presença em conselhos municipais, a exemplo da Saúde era uma necessária “dor de cabeça” para gestores e motivo de orgulho para a sociedade civil por ele representada, o que lhe rendeu o título popular de “Senhor dos Conselhos”. O incansável Gilberto imprimiu seu nome na história politica de Japaratuba, sendo um dos quadros do MDB/PMDB ao lado do expoente Padre Gerard Olivier, tendo saído do convívio político e fundado em 25 de março de 2012 o PCB, disputado às eleições daquele ano como candidato a vice-prefeiro, preservando a relação de respeito pelo amigo. Saiu do PCB, sem nunca renunciar seus princípios pelos quais lutou toda a vida, tendo feito opção pelo PSOL, trilhando sempre os caminhos por uma sociedade mais justa e igualitária.
Junto a um grupo de valorosos artistas, cientistas e intelectuais de sua terra, ajudou a fundar e integrar a Academia Japaratubense de Letras, Artes e Ciências, a Casa de Dona. “Fará muita falta, deixará muitas saudades”, lamentou profundamente abalada a professora e historiadora Geane Correia, presidente da AJLAC.
Em sua homenagem, a Rádio Tribuna da Praia não levará ao ar na manhã desta quarta-feira, 21, o jornalístico A VOZ DO POVO, por nós apresentado, mas veiculará um concerto com belas músicas clássicas, músicas eruditas, algumas das preferidas de Gilberto.
Em tempo, o sepultamento de Gilberto Santos está previsto para às 16 horas no Cemitério Municipal.
Gibas, presente!
- Por ClaudOmir Herzog (54), membro Honorário da AJLAC | Foto: Arquivo/AJLAC