Marinalva Alves nasceu aos 23/03/1923 e faleceu no dia 17/02/1970. Com formação para o Magistério, participava de cursos promovidos pela Secretaria Estadual de Educação ampliando o conhecimento da Língua Portuguesa. Natural de Cedro de São João/SE, filha de João Chaves Alves e Olegária Alves. Seus irmãos: Irmã Augustinha, Amazilde Alves, Manuel Alves, Marinete Alves do Nascimento, Palmira Alves Rocha, Irmã Benigna, Hermano Alves e Maroquinha (irmã de criação).
Além de professora, ocupou a função de primeira Diretora do então Grupo Escolar Manuel Dantas, deixando de ser, após a morte de sua extremosa mãe. Tempos depois retornou a trabalhar no citado Grupo Escolar, como professora. Além de exímia mestra, era autodidata. Foi uma das pessoas que lutou pela fundação do Ginásio São João Batista, onde ocupou o cargo de professora da Língua Portuguesa e também Secretária do Ginásio. Sempre atuante nas atividades religiosas, agregou a Legião de Maria em 1963 na Igreja São João Batista. Ajudava alguns jovens pobres a estudar na Escola Agrícola Benjamin Constant (Quissamã, São Cristóvão/SE), por saber, assim como os pais dos estudantes, que a formação lá adquirida, possibilitava empregos. Assim, incentivava indistintamente, com conselhos e financeiramente, os jovens a prosseguirem nos estudos. Amava a leitura e gostava muito de assistir bons filmes no cinema em Cedro e Propriá.
Angelical, disciplinadora com amplo conhecimento, discernimento e amor, a professora Marinalva Alves é reconhecida de modo unânime por colegas, pais e alunos como uma semeadora de esperança; justamente pela atuação na catequização e educação de todos, ajudando àqueles jovens alcançarem os seus sonhos, os transformando em campeões na aprovação de concursos. Um farol a iluminar e a orientar toda sociedade. Por não ter concebido matrimônio e nem filhos, creio que tenha adotado todos nós como sua família fosse. Costumava presentear alunos e pais com revistas de informações, a exemplo da Revista Seleções, e livros de literatura. Era defensora de uma forma de educação mais inspiradora e livre. Suas ideias sobre o educar, o pensar e como dispor o tempo da criança e do adulto, inspiraram gerações de outros educadores, formando discípulas no aprimoramento da qualidade do ensino público municipal.
Acreditava que a missão de educar não se resumia a ensinar somente conteúdos, mas que também de ativar a curiosidade do estudante a ter uma educação ligada a sua vida cotidiana. Porque é para isso que a gente aprende, para tornar melhor o viver. Contribuindo então na formação de várias gerações de profissionais inquietos e questionadores, seguidores do seu legado, lutando por uma sociedade mais humana.
Também comungava que a única forma de incentivar a leitura nos pequenos era lendo para eles e os pais, o que criaria um laço sentimental entre os livros, a criança e a família – como quando os pais leem para os filhos antes de dormir –, criando uma conexão que se fortaleceria com o tempo. Isto é tão verdadeiro, que me faz relembrar a infância: antes de aprender a ler, por diversas vezes adormecia ouvindo meu pai recitar poesias de escritores, entre eles Castro Alves, Casimiro de Abreu, Olavo Bilac e tantos outros, de livros por ela emprestados.
Marinalva Alves, a grande mestra, tinha o dom das palavras e olhares poéticos pela vida. Afirmava ser primeiramente necessário ao educador, amar sua profissão. Para que a educação ideal se concretize na formação integral do indivíduo, é preciso valorizar a individualidade da criança, o cultivo à infância e o incentivo à criatividade.
Em sua homenagem, funciona a Escola Municipal de Educação Infantil Professora Marinalva Alves, situada no Bairro São Sebastião em Cedro de São João/SE, localidade formada por pessoas humildes, trabalhadoras e religiosas.
Sugiro que na data alusiva ao seu nascimento, 23 de março, seja criada uma norma estabelecendo o “Dia Municipal da Educação”, e que nesta mesma data fossem promovidas atividades escolares, envolvendo toda a comunidade cedrense para uma reflexão sobre os temas econômicos, sociais, políticos, religiosos, culturais e ambientais.
- Por Ailton Rocha, com a colaboração e depoimento de colegas de trabalho e alunos.