Até a década de 1960, os poucos municípios sergipanos que ofereciam algum serviço de distribuição de água e tratamento de esgotos as suas respectivas populações, estes eram prestados pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), estando ainda presente em alguns deles, a exemplo de Capela e Carmópolis no Vale do Japaratuba, Estância no Sul Sergipano e São Cristóvão na Grande Aracaju. Ainda que não integrados, os SAAE’s eram prenúncios de autarquias locais, um espécie de embrião da dispersa política nacional de gerenciamento e gestão dos recursos hídricos e incipiente saneamento ambiental, como se vê na cidade alagoana de Porto Real do Colégio.
Através da Lei nº 1195 de 13/08/1963, foi criado o Departamento Estadual de Saneamento e Obras Públicas de Sergipe (DESO), tendo como atribuições básicas dirigir a organização dos serviços de água e esgotos. A evolução destes serviços, bem como o próprio crescimento urbano, econômico e social do estado, requereu a transformação na estrutura organizacional, criando-se a Companhia de Saneamento de Sergipe, constituída por meio do Decreto-Lei Estadual nº 109 datado de 25 de agosto de 1969, preservando a sigla DESO.
A partir daí inicia-se um ciclo de concessão dos serviços locais que passaram a ser prestados pela DESO, que também amplia sua presença em quase a totalidade do estado. É o caso de Propriá, no Baixo São Francisco, distante 98 km da capital Aracaju, que transferiu não apenas a administração, como toda a estrutura, a época restrita ao que hoje constitui o sítio histórico da cidade ribeirinha um privilégio de poucos. Parte da população urbana e a totalidade das comunidades rurais ainda viviam na base da “lata d’água na cabeça”.
A rede de distribuição de água no centro de Propriá continua com a tubulação de canos que em alguns casos contabilizam mais de 60 anos, sem nunca ter sido substituídos, mas feito os reparos pontuais, no que torna-se constante estouros pontuais, sendo necessário uma grande operação e investinentos volumosos.
Uma obra ainda cheia de situações não explicadas efetuada pela Prefeitura de Propriá no final da década de 1990, o esgotamento sanitário elevaria o município a condição de único às margens de toda a calha do rio São Francisco a ter seus efluentes devidamente tratados, mas a execução parcial e não interligação até a estação de tratamento localizado no povoado São Vicente, distante 3 km da sede do município, têm provocado desconforto e transtorno a sociedade, diante da falta de operacionalização do sistema pela DESO, que têm sofrido com o desmonte e debacle ao londo destas últimas duas décadas.
Este combo de uma peça com tais atos encenados por atores sociais e aquiescência do povo de Propriá, cujas escolhas recaem em suas costas, resultaram na hecatombe que se abateu sobre todos: falta de água, avariação de ruas, contas exorbitantes e muito “blá, blá,:blá” e “mi, mi, mi” de uma inopetante e incapaz classe política de improducente resultados.
por ClaudOmir Herzog (52), cidadão honorário de Propriá, historiador e pós-graduação (aperfeiçoamento e especialização) em gestão de recursos hídricos pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) | fotos: Acervo de Washington L. Prata