Em 1971 Henning Albert Boilesen
Presidente da Ultragáz
Que organizava a “caixinha”
Dos empresários
Para arrecadar fundos para a OBAN
E gostava de assistir
Às sessões de tortura
Foi executado
– justiçado
utilizando a palavra certa –
Por um comando da ALN
A metros da rua Alameda Casa Branca
Em São Paulo
Sim Carlos
Na mesma rua
Perto do numero 800
Onde tombaste
Dois anos antes
Sob as balas do delegado Fleury
Por sinal amigo deste Cidadão Boilesen
-este o título de um filme
Sobre ele –
Dizem por aqui
Que foi pura coincidência
Duvido
Se até parece
Que te vejo
Feito Exu
Na encruzilhada
Com a Barão de Capanema
Escolhendo a mesma rua
A mesma arma
O mesmo ódio
A mesma sede de justiça
Dos que enfrentaram
O sádico sorriso do dinamarquês
Nos porões da ditadura
Só não houve
– porque os vivos
Ainda não compreendem –
Uma manchete
Como esta:
“Marighella matou Boilesen”
Carlos Pronzato (in Poesias sem licença para Carlos Marighella, editora Red, SP, 2014)